sexta-feira, 25 de novembro de 2011

África do Sul - Outubro/2011 - Safáris - Tshukudu Game Lodge



Pessoas,

nossa primeira atividade na África do Sul, e a que eu estava com mais expectativa, foi o safári.

Programamos de passar 4 dias pela savana africana, e os distribuímos em 3 dias no Tshukudu e 1 dia no Kambaku. Eu achei que seria mais interessante conhecer outro lugar a passar 4 dias no mesmo, e, de fato, foi. Posso dizer com certeza absoluta que o Tshukudu é TUDO DE BOM e o Kambaku é bacana, mas não vale a fortuna que eles cobram. Explicarei no próximo post.

Nossa programação era passar o último dia no Kapama, muito bem falado por vários blogs que pesquisei e pelas agências de viagem (depois descobri que o Kapama é o que dá comissão mais alta aos agentes de viagem, mas justiça seja feita: ouvi falar muito bem dele, inclusive pelos guias do Tshukudu), mas eles estavam cheios no dia que queríamos e nos sugeriram o Kambaku, mais caro, mais exclusivo, mais não sei o que. Topei, achando que era o mesmo grupo (é comum uma mesma reserva ter vários hotéis com níveis diferentes), mas não era. Enfim.

Os hotéis ficam em reservas privadas, como se fossem imensas fazendas, e cada hotel explora a sua área. Acontece de ter áreas maiores que são exploradas por vários hotéis.

Escolhi o Tshukudu porque descobri que eles têm guepardos por lá! Eles foram parar lá porque certa vez um leão matou um guepardo fêmea que tinha 4 filhotes. Daí, o hotel recolheu, criou, e eles ficaram por lá até hoje, já adultos. Sim, por lá no hotel mesmo, junto das visitas. Foi incrível conviver com 3 guepardos adultos (um deles morreu) imensos por 3 dias.

Além disso, demos a sorte de eles estarem com 2 filhotes de leão, que ficaram órfãos. Eles recolhem os bichos da selva, cuidam e os reabilitam para a vida selvagem, soltando-os na selva quando eles completam uns 2 anos. Os leões não são "convivíveis" e não ficam soltos como os guepardos. O contato com eles acontece na caminhada matinal na selva. Olha, incrível, incrível, incrível.

Como disse no post anterior, todos os hotéis da região oferecem o transfer do aeroporto para o hotel. O do Tshukudu, que fica bem perto, custa 150 rands (R$ 37,50) por pessoa. Entre a pista asfaltada e a parte habitável do hotel, quero dizer, quartos, recepção, etc, uns 5 km em pista de terra bem compactada. No caminho de terra, mais alguns vários animais, como impalas, kudus, que parece um cervo. Aliás, variações de cervos é o que não falta por lá.

No caminho do aeroporto para o hotel, perguntei para o guia pelos guepardos e filhotes de leão. Daí, eles nos deram a notícia, de forma simples, mas feliz, de que os guepardos haviam matado um kudu naquela manhã. Hein? Os guepardos com quem vamos conviver matam kudus? Até aqui, eu pensava que os guepardos eram domesticados, comiam comida dada. Mas não.

Fiquei em leve estado de choque ao chegar ao hotel, já dentro dele e, a uns 30m da piscina, bem perto da recepção, avistar um kudu (um grande antílope) morto e três guepardos de barriga cheia ao redor. E mais em estado de choque ainda quando, logo após fazer o check in, a moça do hotel disse: "vamos servir o almoço em 30 minutos, vocês podem dar uma volta e conhecer o hotel.". Eu perguntei: "e os guepardos?". Ela deu uma risadinha e disse: " não se preocupe, eles são amáveis.".

Juro que, de tudo que imaginei de selvagem e radical nessa viagem, nunca pensei em ter logo ali guepardos que caçam, nem guepardos que caçam comendo sua comida bem ali (sem ser num safári) e muito menos voltar achando isso super natural, como acho agora :) Tiramos essa foto da piscina:




Assustador no começo, mas logo descobrimos que os guepardos são os pets do hotel. Tomam café da manhã conosco, brincam, estão sempre por ali tirando um cochilo, etc. São gatinhos crescidos - quase morrem de tanto ronronar quando a gente faz carinho nelas e adora fazer carinho na gente. Clique aqui e comprove.























Sobre o hotel, é ótimo!!! São cabanas individuais, super confortáveis - uma varandinha fechada com vidro, quarto e um grande banheiro. Há uma varandona na recepção do hotel onde ficam as mesas para refeições. Uma mesa principal para a equipe e várias outras, uma para cada grupo de turistas. Ah, tem wireless nos quartos. O hotel estava bem vazio - a lotação variava entre 4 a 8 pessoas, incluindo nós 2. Atendimento vip.   
A comida também era maravilhosa! Farta, bem feita, cheia de iguarias africanas. Comemos búfalo, kudu, impala. Sempre com entrada, prato principal e sobremesa, com mesa fofa posta (inclusive na piscina, à luz de velas) e tudo mais. Num dos almoços, teve salmão com ovas!

A diária, com tudo incluído, exceto bebidas alcoólicas e refrigerantes, custou R 1820 por pessoa por noite, algo em torno de R$ 450,00. Vale muito, especialmente se a gente comparar com algum resort do nordeste ou hotel no Rio de Janeiro. E as bebidas não eram caras. A bem da verdade, bem baratas. Tomamos uma garrafa de vinho uma noite que custou menos de R$ 25. Aqui ele custa uns R$ 60.
A rotina é basicamente esta:
  • acordar às 6h00
  • tomar um quase café da manhã às 6h15
  • sair para andar a pé acompanhado de leõezinhos ou dos guepardos às 06h30 (cada guia vai com um grupo, porque os leões e os guepardos não são amigos. Aliás, nenhum animal gosta dos leões)
  • voltar para o café da manhã às 8h00
  • sair para o safári matinal, de carro, às 9h00
  • voltar às 11h30
  • almoçar às 12h30
  • lanchar às 15h45
  • sair para o safári vespertino às 16h00
  • voltar às 19h00
  • jantar às 19h30
  • dormir às 20h30 - 21h00
Caminhadas na savana com os filhotes de leão e os guepardos.

As caminhadas foram fantásticas. Os leoezinhos (uma leoa de 11 meses e um leão de 4) são lindos e brincalhões. Pulam o tempo todo e adoram carinhos. Os guepardos são um trio, extremamente dóceis, já adultas.

Quanto aos leões, o guia recomendou: são "pequenos", lindos, mas são leões! Não os deixem pular em vocês, fiquem sempre atentos para que eles não cheguem por trás porque uma mordida de carinho pode fazer estrago e uma patada carinhosa deixa marcas! Mostre a eles que quem manda são vocês e, se eles chegarem chegando, empurra com vontade.














Com os guepardos, não tem muitas recomendações, até porque já estávamos convivendo com eles. O mais legal de caminhar com eles é observá-los como estão sempre olhando por dentre a mata a procura de comida.







E assim foi! Na caminhada, o guia vai armado (especialmente por causa dos búfalos, que são os animais mais perigoso, segundo ele), explicando várias coisas sobre a vida selvagem, mostrando excrementos, pegadas e sinais de animais que passaram por ali há pouco tempo.

Como ficamos 3 dias, fizemos 3 caminhadas, duas com leões, e uma com guepardos. Na última caminhada, demos uma puta sorte. Uma sorte imensa! As chances de ganha na mega-sena se reduziram a zero.

Aconteceu que na caminhada do último dia, que fizemos com os leões, um dos guepardos resolveu se juntar ao nosso grupo. Ninguém entendeu o porquê, apesar de a explicar ser óbvia: o guepardo sabia que íamos embora naquele dia, logo após a caminhada, e queria ficar até os últimos instantes conosco :)



Logo na chegada dele, tivemos a prova de que guepardos e leões não são amigos mesmo: o guepardo deu logo uma patada no Bubesi, leãozinho de 4 meses! Olhei para o guia, com a cara de "faça alguma coisa!". Ele respondeu: é bom ele (o filhote de leão) ir vendo como a vida é.

Como se já não bastasse isso tudo, adivinhem o quem deu o ar da graça? Gi.ra.fas!!!! Quase morri. Olhava por lado e via filhotes de leão, guepardos e 3 girafas.



Daí, o guepardo, ao ver as girafas, começou a ronronar loucamente, sem tirar os olhos dela. Ele pensava: comida! Eu disse pro guia: não o deixe matá-las. Ele disse: não posso fazer nada.

Tensão.

Enquanto isso, a Shila, um dos filhotes de leão, fêmea, 11 meses, foi caminhando em direção às girafas. Sem a menor possibilidade de atacá-las, ela ainda não tem tamanho nem coragem pra isso. Mas, ainda assim, no exato instante em que as girafas perceberam a leoazinha indo na direção delas, correram!

O guepardo nada fez. Na verdade, acho que ouvi o guia explicar que os guepardos não caçam durante a caminhada com os turistas.

Glória. Poderia morrer ali que ia passar dessa plenamente feliz e tendo certeza que tudo fez sentido. Sério, quase choro fazendo esse post. Fechamos o Tshukudu com chave de ouro.

Safáris

Os safaris matinais e vespertinos são semelhantes - a gente sai num carro aberto passeando, sem destino, e encontramos os animais pelo caminho. Só tem uma regra: ninguém pode levantar. Isso para que não assuste os animais, que vêem o carro como uma grande pedra. Eles não atacam o carro. É simples. O carro não é uma ameça pra eles, e também não é comida. É uma grande pedra que se mexe. Eles nem ligam.

Cada dia é um dia. Os guias não se cansam de afirmar isso. Você pode ter a sorte de ver tudo num dia só, ou ter o azar de não ver quase nada. Mas, duvido que isso acontece. Os guias ficam em contato todo o tempo por rádio dando dicas do que tem de bom.

O carro do safári é um jipe do tipo tanque de guerra. O carro é invencível e adentra a savana, passando por árvores, pedras e chega onde quiser. Nosso guia não dava mole. Metia o carro onde quer que fosse pra gente chegar beeeem perto. Aqui tem um vídeo pra vocês terem noção. Tanque de guerra:



Impalas, kudus e demais variações de veados se vê sempre! Búfalos e rinocerontes também são bem comuns. O que mais impressionou:

- 3 elefantes adultos e um bebê de 6 dias - isso foi logo no 2º safári e, na hora, decretamos que provavelmente seria a coisa mais fantástica veríamos em toda a viagem. Um elefante com 6 dias de vida, selvagem, em seu habitat natural, é algo inacreditável. Chegamos bem perto. Quando digo perto, digo que a tromba do elefante entrou dentro do carro e nós passamos a mão nela..... o filhote ficou tentando comer as folhas que estavam presas sob o carro. O elefantinho, macho, nem andava direito. Tropeçava e caia. A tromba parecia uma corda solta. No dia seguinte, encontramos com eles de novo, dessa vez destruindo uma árvore.










tromba dentro do carro!

- uma família de leão, leoa, 3 filhotes e um kudu morto. Novamente, fascinante. O kudu morto, a leoa com 3 filhotes de uns 6 meses comendo e o leão com sua bela juba a olhar. O guia deu uma acelerada no carro para fazer barulho com o motor, e o leão rugiu, respondendo - aliás, uma coisa que poucos conhecem a grandiosidade é o rugir dos leões. Nós já tínhamos ouvido ele no zoo de Londres, e agora conferimos na savana. É absurdamente alto (intensidade) e grave (tom). Fantástico. Lindo nesse encontro foi que, quando avistamos a leoa, ela estava sozinha comendo o kudu morto. Daí, ela começou a emitir uma barulho e de repente surgiram os 3 filhotes!




Vimos também girafas, babuínos, hipotálamos, bichos pequenos tipo lebre, etc. Todos soltos, todos muito perto. Vimos muitas carcaças, ossadas e urubus.







Os rinocerontes estão em extinção. Os chifres são retirados pelos próprios guias para evitar que o bichos sejam mortos só por causa do chifre, muito usado para fins medicinais na China. E o chifre é como unha: nasce todo de novo!



Passeio de barco no Blyde River Canion
Passando 3 dias no Tshukudu, a gente tem direito a um passeio de barco pelo Blyde River Canion, pela reserva, em meio aos cânions. É 3º maior cânion do mundo! É legal, bonito, mas abrimos mão de uma safári pra fazer esse passeio e, por causa da contrapartida, não valeu a pena. Se tivéssemos subido nas montanhas, acho que teria sido muito melhor.

O mais legal, na verdade, foi sair um pouco do hotel e dar uma voltinha na cidade de Hoedspruit, ver um baobá, bater um papo com o Doug, nosso guia super gente boa e ter os guepardos só pra gente quando voltamos, porque todo mundo tava no safári.






Olha, foi um sonho! Mandei essa foto pra eles colocarem no painel de fotos deles. Espero que o façam!



Beijocas. Vanessa.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

África do Sul - Outubro/2011 - Como ir, deslocamentos, dinheiro (qual forma vale mais a pena?), estradas e etc..

Pessoas, 

viajar é tudo de bom, né? Mas, ir e voltar é chato demais! Milhares de horas de avião, comida meia boca, sono (quando possível) da pior qualidade, etc e tal. Sorte que nos trechos longos têm bebida alcoólica e filminhos legais :)

Passaporte e Visto

Para ir à África do Sul, brasileiro não precisa de visto para estadias de até 90 dias para turismo,  estudo ou negócios. Precisa de passaporte com validade de até 1 mês da data de retorno e 2 folhas em branco, porque, teoricamente, o carimbo de controle de entrada na África do Sul ocupa uma folha inteira. Isso é o que dizem todos os sites de consulados e afins que você consulta. Na verdade, o carimbo é bem pequenininho. Não entendi.

Certificado Internacional de Vacina contra a febre amarela

Outro detalhe importante é a necessidade do Certificado Internacional de Vacina contra a febre amarela, que deve ser tomada pelo menos 10 dias antes da viagem. Veja bem: tem que ser o certificado internacional. Nós já o tínhamos por causa de uma viagem à Venezuela, mas no site da Anvisa, aqui, tem informações de como adquiri-lo. Basicamente, você leva seu cartão de vacinação a um dos postos que emitem esse certificado internacional. No aeroporto de Brasília tem um posto desses.

Carteira Internacional de Habilitação e Aluguel de carro

Se você pretende alugar carro por lá, é preciso ter a Carteira Internacional de Habilitação. Entre em contato com o Detran da sua cidade e pegue as informações específicas, mas basicamente consiste em pagar uma taxa, que não é barata (algo tipo R$ 200,00), e depois ir buscá-la. Cuidado com o prazo, pois lembro que a minha demorou algo em torno de 1 mês ou mais para ficar pronta.

Alugamos o carro pela Europcar, a opção mais barata dentre as locadoras que você consegue reservar pela internet e das poucas que não apresentam restrições de horários para retirada e entrega de carro. Acreditam que não consegui fechar uma cotação pela Avis para retirar o carro em Port Elizabeth às 19h, porque o site informa que o posto fecha às 18h. E nem para entregar o carro às 5h da matina na Cidade do Cabo, porque só abriria às 6h ou 7h. Fiquei chocada. Em pleno outro, época de temporada. Porém, quando fui retirar o carro pela Europcar, tinha um atendente no posto da Avis, ao lado, mas como a pessoa vai saber?  Dane-se, a Europcar era mais em conta mesmo.

Na África do Sul, a direção é inglesa, invertida. Não é difícil, pelo contrário, logo você acostuma, mas a primeira vez é meio tenso. Dica de ouro: alugue um carro automático. A diferença de valor não é muita e isso facilitará muito a sua adaptação à direção invertida, além de ser uma boa vantagem para os dias restantes em cidades diferentes com regras de trânsito invertido às quais você não está muito acostumado.

Um esclarecimento: o trabalho de direção é em equipe. Assim, a garota Vanessa dirige, o garoto Vinicius diz pra onde. É que ela é melhor no volante que com  mapa/GPS. Ao invés de alugar o GPS, nós o compramos pelo site Kalahari, uma espécie de Submarino de lá (peguei a dica com o hotel de Jeffrey's Bay - simples assim: mandei e-mail, eles responderam), e pedimos pra entregar no local da nossa primeira parada, no Tshukudu Game Lodge. Deu tudo certo - quando chegamos à etapa da viagem onde dirigiríamos, já estávamos com o GPS em mãos. Mesmo tendo vários GPS de amigos à disposição, optamos por comprar um GPS por lá que já vem com o mapa da África do Sul, pois o valor só do mapa é quase o do GPS! A mesma coisa de comprar uma impressora nova ou somente o cartucho de tinta, sabem? 

Pegamos um Polo Sedan 1.6 (por 5.510,65 randes ou 695,42 dólares, 13 diárias). Era um bom carro, novíssimo e tals, mas meio molenga, sabem? Quando chegava a 120km/h, eu já sentia o carro instável e reduzia a velocidade. Impossível não lembrar e comparar como "meu" Audi A3 nas estradas da Alemanha, que, aos 120km/h, ele tava sempre me dizendo: eu preciso de maaaaaaais, eu preciso de maaaaaaaais!!! Aí, eu fornecia :)

Quanto às estradas, a África do Sul tá muito de parabéns. Não perde em nada para a Europa. Estadas perfeitas (tapetões), sem nenhum remendo, muito bem sinalizadas (torna o GPS quase inútil, mas eu não o dispensaria, porque ele te dá liberdade de sair da rota), com motoristas educados e policiamento frequente. Só pagamos pedágio, de 35 rands, num trecho dentro do parque Tsitsikamma, na Rota Jardim. Considero nada pelo tanto que rodamos.

E quanto à paisagem ao redor das estradas, a África do Sul tá mais de parabéns ainda! A Rota Jardim (que vai de Port Elizabeth até a Cidade do Cabo, pela via N2), faz jus ao nome: as plantas, flores e árvores ao redor parecem perfeitamente cuidadas como um jardim de gente rica. É a coisa mais linda e perfeitinha do mundo. Todos os trechos da viagem viram passeios! Onde não tem jardim, há montanhas, plantações, mar. Todos lindos de se ver.

Nas estradas, muito cuidado com os animais! Existem várias placas avisando sobre a possibilidade deles atravessarem a rua, e acontece mesmo. Reduzi a velocidade para dar passagem aos macacos e também vi macaco esmagado atropelado na pista :( 


O preço da gasolina é bem parecido com o daqui (pouco mais de 10 rands o litro - uns 2,50 reais) e o detalhe importante é que os postos de gasolina só aceitam dinheiro em espécie.

No mais, não fomos parados nenhuma vez e tudo correu absolutamente bem. Nas cidades, grandes ou pequenas, atrações e afins sempre tem estacionamento que, quando pago, é uma micharia. Só como exemplo: na Cidade do Cabo, fomos no restaurante The Opal Lounge (um dos melhores, ou o melhor, da viagem) no Gardens, numa rua cheia de bares bacanas, e o estacionamento na rua, coberto, custa ZAR 10,00 (uns R$ 2,50) por toda a noite. No Victoria & Alfred Waterfront, lugar super turístico e cheio de coisas de luxo da Cidade do Cabo, deixar o carro o dia todinho no estacionamento custa uns R$ 12 reais. Se esses preços matam até brasiliense de raiva, imaginem como se sentem os paulistanos!

Moeda: dinheiro, travel money, cartão? Que confusão!


A moeda da África do Sul é o Rand. As notas são lindas, com os Big Five :) Não esqueça de reservar uma de cada para o álbum de fotos. Cada real vale em torno de 0,25 de rands. 


Achamos importante levar um pouco de dinheiro em espécie, para podermos ao menos comprar uma água no aeroporto. A questão era: como comprar?? Quando se vai para Europa ou EUA, a situação é fácil: você começa perguntando pros amigos se alguém tem uma sobra de dólar ou euro e, se ninguém tiver, vai ao Banco do Brasil e compra. Mas e com os Rands? O BB não vende e é muito pouco provável que você tenha algum amigo com Randes sobrando.....


Acabamos indo à Confidence, aquela operadora de câmbio que tem lojinhas em todos os shoppings da cidade. Ao perguntar sobre o dinheiro em espécie (que, no caso dos Rands precisa ser reservado com 48h de antecedência), a atendente nos ofereceu também o Visa Travel Money, que é um cartão de débito pré-pago. Ele tem uma cotação mais atraente que a do dinheiro em espécie. Mas porque usar o VTM ao invés do cartão de crédito? Nossa política em viagens sempre foi usar pouco de dinheiro em espécie e o resto todo no cartão de crédito, para acumular as amadas milhas. O problema é que a Dilma decidiu carregar o IOF nas operações externa com cartão de crédito, o que nos assustou um pouco - após algumas contas de cabeça, decidimos usar o máximo possível de VTM, deixando o cartão de crédito como última opção. 


No fim das contas, usando um pouco de tudo: dinheiro em espécie, VTM, cartão de crédito e até cartão de débito comum - teve uma compra por lá que fizemos, sem querer, em débito em conta (o caixa não perguntou crédito ou débito). Pergunta de ouro: qual vale mais a pena?


Bem, como dissemos, o IOF tá pesado para o cartão de crédito - 6,38% contra 0,38% para todas as outras formas. Mas não é só o IOF que pesa: as cotações das instituições são bem diferentes. Fizemos um comparativo entre o custo efetivo final de cada forma de pagamento com o custo "perfeito", baseado na tabela de cotações do site do Banco Central do Brasil. Surpreendam-se:

  • cartão de débito comum*: 7,01% de ágio; 
  • cartão Visa Travel Money: 11,89% de ágio; 
  • cartão de crédito: 11,97% de ágio; 
  • compra de dinheiro em espécie: 18,09% de ágio.

*Observação: o BB realizou o estorno do valor relativo à compra feita com o cartão de débito e do valor do IOF, e depois cobrou novamente, só que um valor um pouco menor. Não entendemos nada, mas como foi a menor nem vamos atrás. O caso é que a compra original tinha saído R$ 104,18 (produto) + R$ 0,39 (IOF). Depois do estorno veio só uma cobrança no valor de R$ 99,72. O ágio mostrado na tabela acima levou em consideração o primeiro valor, que parece fazer mais sentido..... se levarmos em consideração o valor pós estorno, o ágio cai para 2,04%, ou seja, deixa o valor cobrado muito perto do valor "perfeito".

O que aprendemos? Nada de Visa Travel Money - use débito comum (que é o mais barato) ou cartão de crédito (que tem o mesmo preço, mas gera milhagem. Dói lembrar que deixamos de ganhar umas 6 mil milhas!!!). O dinheiro em espécie é caro, mas isso era esperado - e sempre temos de levar ao menos um pouquinho. O resto, se necessário, pode ser sacado fora. Neste caso, é importante lembrar de sacar o menor número de vezes possível, pois há uma tarifa fixa incidindo em cada operação.


Viagens aéreas.


Os trechos longos, Brasília-Johanesburgo, na ida, e Cidade do Cabo-Brasília, na volta, emitimos por milhas da TAM, 20 mil cada trecho. 


Fizemos os trechos nacionais pela própria TAM. Os internacionais, pela parceira SAA, South African Airways. Ótima companhia. Tinha bom sistema de entretenimento (filmes, música e jogos). Menos o frio de matar do maldito ar condicionado, que os cobertores e travesseiros não venciam. Começamos a notar que os africanos falam inglês com muito sotaque - não era muito fácil entender o que diziam. Além disso, a aeromoça era um pouco rude em alguns momentos - nunca ao falar conosco (não era uma questão de desrespeito). Mas quando era hora de fechar as janelinhas, ela simplesmente passava, pulava por cima de nós e as fechava com vontade, sem dizer nada. A comida era boa e eles serviram vinho em quarto de garrafa (187,5 ml). O corte era pinotage, que é comum na África do Sul. Aliás, todas as bebidas eram em recipientes indiciduais: refri em lata, suco em caixinha, água engarrafada. 


Chegamos a Johanesburgo - sem dúvida o desembarque mais fácil de toda nossa vida. Rápido, sem formulários, sem perguntas. Super tranquilo. As malas chegaram muito mais rapidamente do que elas chegam quando a fazemos um voo doméstico no Brasil. Aliás, todos os trâmites em aeroportos sul africanos foram excelentes, tranquilos e confortáveis. 

A volta para o Brasil foi foda. O trecho era Cidade do Cabo - Johannesburgo - São Paulo -Brasília. Mesmo fazendo o check-in às 5h da manhã, no trecho mais longo de Johannesburgo - São Paulo nos colocaram na última fileira do avião, imediatamente antes da cozinha, dos banheiros e cujas poltronas não reclinavam. Queria morrer, mas só me restava beber. 

Esse vôo chegou mais tarde que o previsto em SP (na ida foram 8 horas efetivas de vôos. Na volta, 9h30. Para entender, pesquise sobre aceleração de Coriolis no google). Quando desembarcamos em Guarulhos (depois de rodar uns 30 minutos do ar e ainda esperar em terra para estacionar, o que nos fez perder a conexão para Brasília), já tinha uma funcionária da SAA esperando os passageiros que iam para Brasília (além de nos dois, e um pai e filha pequena, sul africanos) e informando que nosso próximo vôo já tinha sido remarcado. Beleza. Free shop. Comida. Novo embarque: caos.

Meu Deus, que era aquele aeroporto de Guarulhos na sexta a noite? Um loucura. O embarque doméstico foi patético: numa saleta sem ar condicionado e lotada. Pra ir até o avião, num daqueles ônibus, também lotado, todo mundo em pé. Senti vergonha do sul africanos com a filhota pequena naquele caos. Organização zero. Tudo atrasado, todo mundo louco pra embarcar....O vôo atrasou uns 40 minutos, dentre embarque e autorização para decolar. Quando finalmente começou o serviço de bordo, me vem a aeromoça da TAM (muito simpática e educada, justiça seja feita): biscoito doce ou salgado, senhora? Caracas, biscoito doce ou salgado, na TAM? Caos. Nessa hora, quase MORRI de vergonha dos pai/filhota sul africanos. Uma conexão para a capital do país naquelas situações. Imagina na Copa.

Os vôos internos na África do Sul foram Johanesburgo - Hoedspruit (área dos safáris), Hoedspruit- Johanesburgo, feitos pelas South African Express, e Johanesburgo - Port Elizabeth, pela South African Airways. Comprei tudo pelo site da SAA, bem funcional e com ótimas opções como poder reservar um trecho por até 48 horas antes de fechar a compra, o que é muito útil naquela fase na qual a gente aguarda confirmação de datas de hotéis e tals, e de escolher o tipo de comida nos vôos. De brincadeira, escolhi "comida sem glúten" no trecho Johanesburgo - Port Elizabeth e funcionou! Eu nem lembrava da façanha, mas no tal vôo, antes de começarem o serviço de bordo de todo o resto do avião, me entregaram uma refeição sem glúten, com meu nome e tudo mais. Achei incrível. E nesse momento ainda nem tinha passado pelo "biscoito doce ou salgado, senhora?" 


O valor das passagens dos vôos na África do Sul ficaram em torno de 1000 dólares para os dois.

O trecho Johanesburgo/Hoedspruit é feito por um avião doméstico pequeno e com propulsão a hélices (uma em cada asa). Era um bombardier com capacidade para 74 pessoas. Os lugares para colocar malas sobre nossas cabeças é pequeno, então a maioria das bagagens de mão não vão na mão. Logo na entrada do avião, uma pessoa recolhe as malas de mão e nos dão um tíquete para pegá-las depois do pouso. Essas malas vão lá no fundo do avião - sobre a cabeça, só mochilas pequenas e bolsas. Fora isso, um voo comum e com um OTIMO lanche (wraps com carne e molho picante. Impressionantemente bom). Notamos que a SAA tem o costume de servir chocolates como sobremesa. Ah, aqui encontramos um casal brasileiro em lua de mel. E os pais da moça estavam juntos :) Eu entendi perfeitamente a situação geral. 




A parte "animais" da viagem começa no pouso, que foi interessante, em uma pista bem pequena e, durante o taxiamento da aeronave, havia um grupo de impalas na pista - eles fugiram quando chegamos perto. Outros passageiros gritavam porque viram macacos. O aeroporto é minúsculo - praticamente uma casa. E tem cara de casa mesmo - você atravessa ele todo sem cruzar com nenhum guarda, porta giratória ou nada do estilo. É todo estiloso com decoração africana e tem até um jardinzinho lindo pra um café. E também um guichê para troca de moedas, lanchonete e uma lojinha de lembrancinhas.



Sala de espera do aeroporto de Hoesdpruit.



Aguardando o avião, um monte de guias em seus jipes, um de cada hotel-reserva. Além dos guias, havia..... ninguém. 95% de quem pousa ali, pousa para ir para os hotéis da savana, e pronto. Não rola de chegar lá, chamar um táxi e ir dar um passeio. Tem opção de alugar carro, mas não compensa porque o carro ficará parado nos dias em que estiver na savana. Você estará no meio do nada. Todos os hotéis tem o serviço de transfer que fica em torno de 150 rands por pessoa, por trecho (por volta de R$ 37,50)


Estávamos procurando nosso guia e chegou a mulher do aeroporto para nos ajudar. Ela tinha a lista completa dos passageiros, com o destino de cada um. Disse que, caso o guia não aparecesse, era só falar que ela ligaria para o hotel para chamá-lo. Não foi necessário, logo ele estava por lá.




Agora começa a diversão de verdade. O caminho para o hotel é comum. Pista asfaltada, tudo como sempre foi em qualquer lugar, exceto pelos arredores. Ao invés de uma cidade, apenas a típica savana africana. Lembra muito o cerrado - árvores baixas, totalmente sem folhas nesta época do ano, grama rasteira. Vimos alguns babuínos nas árvores, impalas e até uma girafa no trajeto, o que já indicava o como seria bom.


Beijocas. Vanessa